O I Ching ou Livro das Mutações
É um texto
clássico chinês composto de várias camadas,
sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos
chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando
clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos
livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas
formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou
"mutação". O "I
Ching" pode ser compreendido e estudado tanto como um oráculo quanto como
um livro de sabedoria. Na própria China, é alvo do estudo diferenciado
realizado por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta.
Filosofia e cosmologia no I
Ching
As oito figuras que formam o I Ching
estão na base da cultura que se desenvolveu na China durante milênios. Para os
chineses a ordem do mundo depende de se dar o nome correto às coisas, portanto
o significado de "I" sempre foi objeto de discussão. Alguns vêem
o ideograma I como semelhante ao desenho
de um camaleão, representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o
mimetismo do camaleão). Outros afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em
cima e o da Lua embaixo, a mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante
destes astros no céu. Para o
pensamento chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação seria o
caráter mesmo do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela sempre
existe. Portanto, "I" significa mutação e não-mutação. Subjaz, à
complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que
estão por trás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias se evita o
atrito e portanto a resistência: esse é o caminho do homem sábio. Tanto o taoísmo como o confucionismo, duas das principais
correntes filosóficas chinesas, beberam da fonte do I.Ching. Tudo que
ocorre no céu e na terra tem sua imagem nos oito trigramas, que estão continuamente se
transformando um no outro. Têm várias camadas de significados, e representam
processos da natureza.
Dinastia Chou
O I Ching
surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.) e era um conjunto de oito Kua,
figuras formadas por três e seis linhas sobrepostas. James Legge, na tradução
para o inglês (1882), chamou de trigrama o
conjunto de três linhas e hexagrama o de seis, para
distingui-los entre si. A origem dos
64 hexagramas é atribuída a Fu Hsi, o criador mítico chinês, e até a
dinastia Chou eles formavam o I. Os oito trigramas têm nomes não encontrados em
chinês, a origem é pré-literária. O tempo
obscureceu a compreensão das linhas, e no começo da dinastia Chou surgiram dois
anexos: o Julgamento, atribuído pela tradição ao rei Wên, e as Linhas,
atribuídas a seu filho, o duque de Chou, ambos fundadores desta dinastia. Mais tarde,
mesmo o significado destes textos começou a ficar obscuro, e no século VI a.C. foram acrescentadas as
Dez Asas, que a tradição atribui a Confúcio, embora seja claro que a maioria
delas não pode ser de sua autoria. O nome "I Ching" é dado ao
conjunto dos Kua e todos os textos posteriores. O I Ching
escapou da grande queima de livros feita pelo tirano Ch'in Shih Huang Ti, no
tempo em era considerado um livro de magia e adivinhação, o que levou a escola de magos
das dinastias Ch'in e Han a interpretá-lo segundo outras visões A doutrina do
yin-yang foi sobreposta ao texto. O sábio Wang Pi veio a resgatá-lo como livro
de sabedoria. Houve várias
traduções do "I Ching" para línguas ocidentais, algumas claramente
desrespeitosas, tratando a cultura chinesa como primitiva. A tradução de Legge
fez parte da série Sacred books of the East (Livros sagrados
do Oriente), e foi traduzida também para o português. Richard Wilhelm traduziu o I Ching
para o alemão ao longo dos anos em que viveu na China, inclusive durante a
invasão japonesa, quando a cidade em que estava foi cercada. Teve o apoio de um
velho e sábio mestre, Lao Nai Suan, que morreu ao ser concluída a tradução. A
edição alemã é do ano de 1923. Wilhelm traduziu
também outro clássico chinês, o Tao Te Ching.
O uso oracular do I Ching
A ênfase no aspecto oracular do "I"
variou com o tempo. No século VI a.C. era visto mais como livro de filosofia,
ao passo que na dinastia Han, quando a magia teve grande papel, era visto como oráculo. Como todo
oráculo, exige a aproximação correta: a meditação prévia, o ritual, e a
formulação precisa da pergunta. O oráculo nunca falha, quem falha é o
consulente: se a pergunta não foi clara e precisa, isto indica que a pessoa não
tem clareza sobre o que deseja saber. O ritual tem a função psicológica de
focar a atenção da pessoa na consulta. A consulta
oracular é feita com 50 varetas (originalmente de mil-folhas, uma planta
sagrada), das quais uma é separada e as outras 49 manuseadas, seguindo seis
vezes a mesma operação matemática, para a obtenção da resposta. Dessa
manipulação resulta uma linha firme ou uma linha maleável,
que podem ser móveis. As linhas firmes são resultado da obtenção dos números 7
ou 8, e as maleaveis vêm dos números 6 ou 9. Destes, 6 e 9 correspondem a
linhas móveis que, por estarem prestes a mudar, têm importância na
interpretação. O I Ching,
por ser um livro sagrado, e as varetas usadas na consulta, eram guardados em
uma caixa de madeira virgem, embrulhados em seda também virgem. Durante a dinastia Han, que durou de 206 a.C. até 220
d.C., a consulta começou a ser feita de forma alternativa, mais simples, com o
uso de três moedas. Este é o método mais utilizado hoje no Japão e nos países ocidentais.
Manifestações culturais
História
Há cerca de
seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram
provenientes do útero de uma Mãe Cósmica1 ; tal mito da criação universal teve lugar
durante uma fase informe do mundo, aonde nada podia ainda ser identificado.
Inicialmente cultuada na Índia, como Kali,
a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat(Babilônia), Nu Kua(China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica) e Tehom (Síria e Canaã) -este último foi o termo usado mais
tarde pelos escritores bíblicos para Abismo. As mais antigas noções de criação se originavam
da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das
coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da
teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a
prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um
movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os
"frutos", a própria maternidade. Essa é uma das razões pelas quais as
danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e
abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que
detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de
coagular o caos espumoso" , organizou, separou e definiu os
elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os
gregos deram o nome de Diakosmos,
a Determinação da Deusa. Os egípcios, nos hieróglifos, chamaram este
coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda
que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não
era patriarcal). O coração e
o sangue definem um elo imanente a todos os seres que dele nasceram e uma idéia
de coração oculto do universo que pulsa e mantém o ritmo de ciclos das
estações, dos nascimentos, mortes, destinos. Este é o significado que está no Livro dos Mortos ou das mutações.
No mesmo sentido o livro chinês é denominado Livro das Mutações. O nome
chinês dado à Mãe Primordial e informe é Nu Kua,
nome referido também entre os egípcios, gregos, mesopotâmicos e hindu. As
referências a ela remontam há 2.500 a.C. e a imagem permanece venerada nas
regiões setentrionais. Kuan Yin ou A
Mulher é uma deusa dos casamentos e das mulheres em geral. O corpo
original do I Chingchama-se "kua" (oito Trigramas) e os
sessenta e quatro hexagramas são denominados por kua, derivado
linguístico de Mãe Primordial ou Nu Kua.
Fonte e Imagem: www,wikipedia.com
Informações, Cursos, Atendimentos, Workshops, Vivências, Atendimento Social, Palestras: mmnaturopatia@gmail.com
Comentários
Postar um comentário